sexta-feira, 7 de setembro de 2007

O tempo

Tempo, tempo, tempo. Quem sabe lidar com ele? Em uma monografia, a única certeza que você tem é que o tempo não se estende. Se você tem um semestre ou dois para produzir a monografia, terá que trabalhar com esta medida de tempo e adequar seus interesses e possibilidades aos meses de que dispõe.

Conhecer sua vida concreta, e não a vida que gostaria de ter, é fundamental. Se você trabalha e precisa “encaixar” a monografia nos horários de folga do trabalho e das outras disciplinas, é evidente que precisa escolher um tema que exija menos dedicação, em termos de tempo. Se você tem mais tempo disponível, pode projetar um problema mais complexo e que demande mais leituras. O que não pode fazer, de modo algum, é criar um monstro que não poderá alimentar.

De qualquer modo, tendo mais ou menos tempo, o certo é que precisará de algum. E deverá deixar ao orientador um certo tempo também, para que ele possa fazer o trabalho que lhe compete. Poucas coisas irritam mais um orientador que aquele cara que não cumpre os prazos, não vem à orientação e depois entrega tudo no último dia, quando não é possível fazer nada. O orientador fica com a sensação clara de ter sido usado e se pergunta: “o que ele acha que eu sou, revisor de texto?”.

É bom compreender que monografia, assim como dissertação e tese, a gente faz aos pedacinhos. Depois de estabelecer uma arquitetura, a gente vai dando conta do recado por partes. A cada parte, vai entregando ao orientador, que vai lendo, devolvendo e pedindo correções. No final, falta apenas o polimento. Se você não prevê o tempo do polimento, seu texto vai revelar o desequilíbrio, e a banca vai perceber.

Uma vez uma pessoa me disse que não tinha dificuldade alguma com trabalhos, pois tinha um método próprio. Ela “sentava e escrevia”. Tinha feito sua monografia de conclusão de curso assim. Na verdade, tinha tirado férias do trabalho durante duas semanas, e neste período tinha se enclausurado em casa para escrever a monografia. Eu disse a ela que não acreditava neste método de trabalho, porque nenhum texto tão extenso poderia ser de fato escrito em tão pouco tempo.

O que acontece quando você começa a escrever? Você mergulha naquela parte do trabalho e, à medida que escreve, surgem dúvidas na sua mente, que requerem uma ou outra nova leitura. Se você não prevê pelo menos três semanas para escrever cada capítulo, não se permite um amadurecimento destas idéias. Seu texto fica plano e sem capacidade de articulação. Além disso, a parte empírica do trabalho normalmente exige uma dedicação maior e grande esforço intelectual. Se você estiver cansado, porque passou escrevendo de forma alucinada seus capítulos teóricos, não consegue ter criatividade para observar seu objeto.

Por todas essas razões, a melhor decisão é de cunho pragmático: já que você não pode estender o tempo, pense em perspectiva e trabalhe com pequenos prazos. Reconheço que procrastinar é bom, mas o tempo é inclemente.

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